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news_artigo.gifARTIGOS DE FUNDO II - Os ditadores mais excêntricos (I)

Muamar Gadafi é o tirano do momento. Enquanto o conflito se agudiza no campo de batalha em que a Líbia se converteu, a cada dia se revelam novas excentricidades do ditador que acabam por eclipsar as anteriores: cortejo de virgens guerreiras, secreta adoração por Condoleeza Rice...

Mas não nos enganemos: Gadafi tem dura concorrência no posto do ditador mais excêntrico e sanguinário do mundo. O nosso século foi prolixo em tiranos que, além de cumprir com o manual do bom ditador - megalomania, esbanjamento, aniquilação de liberdades - foram protagonistas dos episódios mais extravagantes e macabros que se possam imaginar. Estas são algumas das personagens mais abjectas que se renderam perante a sua galopante síndrome de hybris.

Muamar Gadafi (Líbia, no poder desde 1969)

m_g.jpgPor trás dos óculos escuros e da feição impossível de folclórico beduíno, esconde-se um dos homens mais perigosos do mundo. Impossível detalhar aqui o prontuário criminoso de Gadafi: assassinato de opositores, financiamento de grupos terroristas, organização de atentados... sem contar com os horrores a que está a submeter o seu povo, levantado contra ele há mais de seis meses.

O seu curriculum de excêntrico é quase tão grandioso como o de criminoso. Sempre acompanhado por um séquito de virgens guerreiras – que agora o acusam de violação - Gadafi montou a sua tenda em cada país que visitou para receber os mandatários que acolhia com insólitos presentes. É, além disso, um tirano completamente imprevisível, dado a espectáculos dantescos: pediu à ONU que dissolvesse a Suíça – sim, o país - tentou fundir a Líbia com o Egipto, Síria, Tunísia e Sudão; acusou os Estados Unidos de envenenar o seu país com medicamentos; responsabilizou  Israel do assassinato de Kennedy e montou autênticos shows em cada um dos seus discursos.

No aspecto pessoal, Gadafi é um mar de contradições. Enquanto advoga os preceitos mais fundamentalistas do Islão, gosta de se rodear dos seus anjos ‘sexys' e de coleccionar obsessivamente fotografias em primeiríssimo plano da ex-secretária de estado dos Estados Unidos, Condoleeza Rice, a quem confessou o seu amor várias vezes a partir da
Al Jazeera. Adora profundamente combinar os seus dois prazeres de maneiras insólitas: durante uma cimeira da FAO solicitou a uma agência VIP de acompanhantes a presença de 200 mulheres jovens. É provável que nenhuma imaginasse que o que fariam para o ditador era ler-lhe o Corão durante horas.

Saparmurat Niyázov (Ditador do
Turquemenistão desde 1991 até 2006)

Saparmurat.jpgNo Turquemenistão, até 2006, havia dois pais. Além do biológico, todos tinham um progenitor ditador: Saparmuarat Niyázov, que se proclamou "Pai dos Turcomanos" quando chegou ao poder, o que anteciparia um reinado que reinventou os limites da megalomania e da desfaçatez.

Como aprendiz avantajado do pior dos imperadores romanos, impôs um catálogo de excêntricas medidas exclusivamente dirigidas a reforçar o culto à sua pessoa: mudou os nomes dos meses do ano pelos dos seus familiares, povoou a antiga república soviética de estátuas suas – incluída uma em ouro puro que gira de modo a ficar sempre de frente para o sol - e escreveu a Bíblia dos turcomanos, a Ruhnama.

Este disparate é uma recompilação de conselhos alucinados de Niyázov que obrigou os meninos da escola a estudar, para os tornar mais inteligentes e lhes abrir as portas do céu. Mas isso só aconteceria se os lessem três vezes, claro.

Os médicos tiveram que renunciar ao juramento hipocrático para jurar fidelidade a Niyàzov e a Ruhnama, que foi inclusive enviado num foguete russo para que os extraterrestres não fossem alheios ao privilégio da sua sabedoria. Politicamente, a sua tirania sintetiza-se numa frase pronunciada por ele mesmo: "Não há partidos da oposição. Sendo assim, como se lhes pode conceder a liberdade?"

Os cidadãos não tiveram o suficiente. O país encontrava-se depauperado pelos anos da ditadura soviética, além dos atropelos e ridículas leis do seu alucinado tirano.

Niyázov proibiu o ballet, o teatro, o cabelo comprido, a barba, o bigode, os dentes de ouro, o playback, a maquilhagem e declarou ilegais a sida ou a cólera.

O seu último desígnio, antes de falecer em 2006, foi um exercício de coerência com todo o seu mandato: mandou construir um zoológico com instalações para pinguins e pistas de patinagem sobre o gelo. Deveria situar-se no deserto de Karakum, cuja temperatura média ronda os 50 graus.

Idi Amin (Tirano do Uganda de 1971 a 1979)

amin.jpgDurante os oito anos em que Idi Amin esteve à frente do Uganda, nem um resquício do terror ficou por conhecer aos seus súbditos.

O autodenominado Senhor das Bestas da Terra e dos Peixes do Mar levou a cabo as monstruosidades mais perversas, deixando 400.000 cadáveres pelo caminho.

Assassinou opositores, perpetrou genocídios, desmembrou as esposas quando se cansou delas, retransmitiu torturas por televisão, praticou o canibalismo com as suas vítimas e provou que o mal existe. Descrevê-lo como 'monstro' é reduzir pavorosamente os seus crimes.

O mais aterrador é que o Hitler africano teve sorte durante toda a sua vida.

Teve sorte quando deu um golpe de Estado contra Obote e a atenção internacional o tomou como uma simples mudança de poder. Teve sorte quando Israel e Inglaterra acharam os seus gestos de apoio e a sua política de aproximação, que mais tarde substituiu pelo anti-ocidentalismo, o Islão e a bruxaria.

Voltou a sorrir-lhe a sorte quando retransmitia as execuções dos seus opositores pela televisão e ninguém condenava as suas atrocidades. Sorte também quando as atrocidades dos ditadores sul americanos serviram de exemplo para as suas próprias: o mundo ocidental ultrapassava o seu limite de atenção com as injustiças.

Sorte quando o filme de Barbet Schroeder, que o retratava, não foi tomado a sério e contribuiu para difundir a imagem de um gigante negro, com mais pinta de bufão que de ditador.

Mas aquele homem que atirava os seus opositores aos crocodilos, que seguia os preceitos de qualquer magia negra que se cruzasse no seu caminho, que expulsou os asiáticos do país, que tinha dezenas de escravos e que levava os seus filhos pequenos às sangrentas execuções, tinha pouco de caricatura e muito de monstro. E sorte, claro. Tanta, como para morrer com placidez em 2003 rodeado de muitas das suas esposas e dezenas de filhos na Arábia Saudita, sem que ninguém o fizesse prestar contas pelos seus crimes.

Mswati III (Rei de Suazilandia desde 1986)

Mswati.jpgMswati III tem catorze esposas, com os seus catorze palácios; inúmeros carros desportivos, uma fortuna difícil de imaginar e um país sob o seu jugo.

A Suazilândia tem pouco mais de um milhão e meio de habitantes, cujo destino está hipotecado: 40% deles tem sida e 70% sobrevive com menos de um euro por mês.

O normal na Suazilândia é ser órfão. Há quase quarenta anos - quando o pai de Mswatti aboliu a Constituição - que não se ouve falar em democracia, partidos políticos, manifestações, parlamentos ou liberdade. As mulheres que apreciam a vida não vestem calças.

Mas todos os anos há um brilho de uma macabra esperança. Os cidadãos são obrigados a mandar as suas mulheres virgens à dança 'dos juncos' em frente do seu Rei, para que, entre ginga daqui e dali, o tirano encontre uma nova donzela a quem construir uma mansão e subir a um dos seus numerosos jets, com o resto do harém.

Na Suazilândia, a fortuna reside em ser eleita nesta dança tribal, tão exótica quanto patética. Mswatti destinará à construção do seu lar o dobro do orçamento da Previdência de todo o país, cobri-la-á de jóias e poderá comer várias vezes ao dia. Embora o resto do país morra um pouco mais, asfixiado medievalmente pelos prazeres nada tribais do último rei absoluto da África.

Robert Mugabe (Tirano do Zimbabué desde 1987)

Mugabe.jpgHouve uma altura em que Robert Mugabe foi um herói, um autêntico salvador da pátria, lutador impenitente contra o regime racista da Rodésia do Sul. Foi-o até à primeira fraude eleitoral. Também com os primeiros opositores 'injustiçados'. Mas deixou de sê-lo.

Trinta anos depois ninguém detecta já salvação ou esperança neste ditador despótico, responsável pela matança de mais de 20.000 pessoas por motivos étnicos; não há heroicidade nisso, embora Mugabe continue a governar com mão de ferro um dos países 'campeões' da sida.

Entre os seus desonrosos logros, está o ter convertido o seu país num dos mais pobres do mundo. Para isso gerou uma profunda crise económica, disparou a inflação até 160.000% e actualmente lança notas com valor de milhões de dólares e põe no verso da cada uma quando caduca o seu valor.

Para expiar as culpas, encarcerou 4.000 empresários e retirou-se enquanto a sua população falece, praticamente, de inanição.

80% da população não tem emprego e não chega a celebrar mais do que o 36º aniversário. Excepto Mugabe. É que ele não é uma pessoa qualquer.

Todos os anos festeja-se a si próprio. Celebra a sua chegada ao mundo com uma grande festa, porque ele é muito piedoso com a miséria alheia. Tanto, que ainda ressoam os ecos do seu 85º aniversário onde se consumiram 3.000 patos, 8.000 caixas de bombons, 4.000 doses de caviar, 8.000 lagostas, 100 quilos de mariscos... um opíparo menu que saiu às contas do país por algo mais de um milhão de dólares.

Foi má sorte que a onomástica do ditador coincidisse com o maior surto de cólera da história do país, em que morreram 3.000 pessoas e outras 60.000 ficaram gravemente doentes. Do outro lado do palácio, avaliado em 100 milhões de dólares, tornava-se difícil ouvir fosse o que fosse.

Kim Jong II (Ditador da Coreia do Norte desde 1993)

Jong.jpgDa imaginação de Walt Disney não sairia um tirano melhor que Kim Jong Il: um pequeno homem de cabelo cardado, de olhar malvado e matreiro, gesto perverso e sapatos com plataformas.

Pelas brechas do regime sanguinário e obscurantista a que condenou a Coreia do Norte escapam retalhos das histórias extravagantes sobre ele, O Grande Líder, divindade de quem se está proibido de falar.

Histórias que poderiam fazer rir se não acontecessem num país com armamento atómico de aterradora capacidade destruidora e 28 milhões de pessoas penduradas na miséria.

Kim Jong Il está entregue à sua maior paixão: a pornografia. Com os anos e a perseverança conseguiu criar uma das maiores pornotecas do mundo, que soma mais de 22.000 filmes para adultos, depositadas numa habitação criada para o efeito.

Como o armazenamento é outro dos costumes que provocam um estranho prazer ao tirano comunista, também tem dois mastodônticos bunkeres escavados no meio da montanha onde guarda todos os presentes que outros mandatários lhe ofereceram bem como ao seu pai. Dividido em dois pavilhões, chama-o de ‘museu internacional da Amizade', onde cada país tem a sua vitrina e pode ali encontrar-se de tudo: limusinas, peles de animais, Kalashnikof, um luxuoso comboio de Estaline... milhões de tesouros, cada um mais inverosímil e absurdo que o outro.

Mas Kim Jong Il tem um grande pesar, que não aliviam nem as suas orgias, nem as suas viagens a estrambólicos bordéis de Paris, nem a sua existência libertina e dissoluta. Como bom sátrapa, o Grande Líder sonhava ceder a testemunha da sua maldade a algum dos seus ramos e perpetuar assim a estirpe dos Jong Il iniciada pelo seu pai.

Mas nenhum dos seis filhos que engendrou com quatro mulheres diferentes herdou o gene tirânico. Todos foram sucessivamente caindo em desgraça por rocambolescos motivos, à altura da dinastia: um deles, perseguido pela sua fama de efeminado, teve de se disfarçar num concerto de Eric Clapton na Alemanha; o seguinte fugiu para a Disneylândia com um passaporte falso... e assim sucessivamente.


Tradução JURIS - Artigo original

Criado em: 04/09/2011 • 18:22
Actualizado em: 05/09/2011 • 02:18
Categoria : ARTIGOS DE FUNDO II

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