
O início do século XXI reflecte, mais que qualquer outra época da história da Humanidade, o profundo significado do papel da Ciência e da Tecnologia nas questões humanas.
A natureza poderosamente influente da Ciência e Tecnlogía modernas conduziu à percepção geral de que as descobertas mais importantes só podem realizar-se se, acima de tudo, existirem grandes grupos de investigação governamentais ou corporativos com acesso a meios tecnológicos extremamente caros e um elevado suporte de meios humanos.
A impressão geral é, no entanto, mítica, e oculta a natureza real de como se realizam as descobertas científicas. Os caros e enormes projectos tecnológicos, independentemente da sua complexidade, não são mais o resultado da aplicação de profundas ideias científicas de pequenos grupos de pesquisadores incansáveis ou cientistas solitários que, com frequência, trabalham isolados.
Um cientista que trabalha só, é agora e no futuro, tal como no passado, capaz de fazer uma descoberta que pode influenciar substancialmente o destino da Humanidade e mudar a face do planeta inteiro, no qual somos uns habitantes insignificantes.
Subordinação académica
As descobertas revolucionárias são realizadas geralmente por indivíduos que trabalham em posições subordinadas em agências governamentais, instituições de ensino e investigação ou em empresas comerciais.
Portanto, o investigador está também frequentemente ligado ou limitado pelos directores de instituições e corporações, que trabalhando em sentido diferente, procuram controlar e aplicar a descoberta e a pesquisa científica para benefício pessoal ou de uma organização ou inclusive como coroa de glória própria.
A memória histórica das descobertas científicas está repleta de exemplos de supressão e ridicularização pelos poderes estabelecidos, que ainda assim se revelaram e reivindicaram anos mais tarde a marcha inexorável da necessidade prática e a ilustração intelectual.
Além disso, o registo histórico é modificado e manchado pelo plágio e a deliberada má interpretação, levada a cabo por gente sem escrúpulos, são motivados pela inveja e avareza. E assim é também hoje em dia.
Investigação livre
O objectivo desta Declaração é manter e fomentar a doutrina fundamental de que a pesquisa científica deve estar livre de influências repressivas latentes ou abertas de dirigentes burocráticos, políticos, religiosos ou económicos, que a criação científica é um direito humano não inferior a outros direitos, e manifestar por último grandes esperanças que tal possa vir a ser consagrado nos tratados internacionais e na lei internacional.
Todos os cientistas que a apoiem, deverão ser fiéis aos princípios desta Declaração, como sinal de solidariedade para com a comunidade científica internacional, para conceder o Direito a todos os cidadãos do mundo à criação científica de acordo com as aptidões individuais e opções pessoais, para o avanço da ciência e, com a sua extrema capacidade enquanto cidadãos decentes num mundo indecente, para o benefício da Humanidade. A Ciência e a Tecnologia foram muito tempo vítimas da opressão.
Dmitri Rabounski é o Editor Chefe da revista Progress in Physics. Este texto é a introdução da Declaração de Liberdade Académica redigida por Rabounski. A Declaração na íntegra encontra-se abaixo. A tradução espanhola é de Juan Francisco González Hernández. Sobre a pressão que sofrem alguns cientistas para a publicação dos seus trabalhos pode consultar-se Repression of Physicists in the 21st Century.
Declaracion de Libertad Academica.pdf (46.4 KB)