As grandes mudanças começam, muitas vezes, com pequenos incentivos. Num instituto de Pozoblanco (Córdova), um grupo de professores e alunos luta há vários anos por um objectivo admirável: acabar com o “analfabetismo em Ciências”. O propósito parece ambicioso, mas eles participam com o seu grão de areia com experiências e demonstrações que depois enviam para a net para que outros alunos possam aprender com eles.
O canal do Youtube (Departamento de Física e Química) tornou-se bastante popular e o protagonista dos vídeos é quase sempre Antonio J. Tamajón, professor de Física e Química do IES “Antonio Mª Calero” e coordenador do projecto. Nas gravações, o professor aparece junto dos alunos desafiando o seu entendimento com alguma surpreendente reacção e ensinando-os, de forma prática, como funciona a gravidade, a inércia ou a pressão hidrostática.
Projecto Divulgadores de Ciência 2008-2010 (Youtube, 4:20 min)
No grupo de trabalho há outros seis professores que conjugam esforços para ensinar ciência aos alunos de forma divertida. Os vídeos são gravados com uma câmara digital que ganharam num concurso e depois enviam-nos para o blog. Agora, como explicam no vídeo que publicaram há poucos dias, estão a realizar trabalhos sobre Stephen Hawking, Hipatia de Alexandria ou o desastre de Chernobil, entre outros temas.
“Qualquer professor sabe que para ensinar é preciso que o aluno queira aprender”, explica Antonio J. Tamajón. O método de Antonio consiste em criar um “conflito cognitivo”, isto é, “uma contradição entre o que o aluno pensa e o que vê”. “O processo natural é surpreender para motivar e ensinar. Apresentamos uma experiência simples; sobre ela perguntamos o que se vai passar; o aluno responde e, ao fazê-lo, acontece tudo ao contrário do que ele pensa. Neste momento de surpresa, o aluno criou tudo o que necessita para aprender”.
Como exemplo, eu gostaria que visseis esta simples explicação de como funciona o "efeito Venturi" e de como às vezes as coisas não acontecem como pensamos que vão acontecer:
E se querem ficar fãs de Antonio, vejam esta demonstração de como interagem os ímãs com um material não ferromagnético, como o alumínio, e o curioso efeito que se produz ao tentar deslocá-lo por um plano inclinado. Abaixo está a apresentação do problema e, se houver curiosidade, pode ver aqui a solução.
Movimento surpreendente! (Youtube, 2:30 min)
Sobre os meios que dispõem, Antonio faz uma confissão reveladora: "tentamos tirar o máximo proveito dos meios com que contamos", diz. E acrescenta: "e não utilizamos a falta de meios como desculpa para não fazer nada".