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![]() Este artigo está disponível no formato standard RSS: https://jurispro.net/doc/data/artpt.xml O pensamento define-se como a acção e o efeito de pensar; enquanto que pensar é o estabelecimento de nexos e de conexões associativas entre diferentes ideias ou conceitos. É assim todo o pensamento habitual, quotidiano: vários pensamentos simples entrecruzados [Machado, 1976, p. 76]. Com efeito, os pensamentos são inseparáveis e formam uma trama contínua, uma imensa rede de interacções; uns remetem-se para os outros e cada um implica o outro. E adaptam-se e mudam-se para se ajustar às exigências do ambiente… É que, na verdade, só se tem um grande pensamento com muitíssimas ramificações [Bateson, 1998, p. 51]. Por último, o pensamento está “situado”, “enraizado” dentro das particulares circunstâncias sociais, culturais, institucionais e históricas do próprio pensador [Craig, 2002, p. 80]. Por outras palavras, o pensamento está condicionado por um conjunto de factores: pela própria experiência passada, pelas gerações prévias, pela sociedade actual, pelo grupo étnico de pertinência, pela religião imperante, pela linguagem usada, pelos meios de comunicação, pela educação recebida e pelas circunstâncias do momento. Daí que os termos “modo de pensar”, “paradigma”, “perspectiva” e “visão do mundo” sejam muitas vezes sinónimos [Battram, 2001, p. 91]. O paradigma reduccionista O paradigma que surgiu na Europa renascentista (século XVII) e que prevaleceu sobre a cultura ocidental, foi o “reducionista”, também chamado “clássico” ou “mecanicista”. Não só exerceu a sua influência sobre a ciência e a tecnologia, mas também sobre a educação, a economia, a política e as organizações. Em essência, utiliza a metáfora do relógio e percebe a natureza como o faz um relojoeiro: um relógio é um objecto que se pode armar e desarmar a partir de partes (agulhas, caixa, molas e engrenagens). Isto é, opera por meio da desarticulação e a hierarquização, separando o “significativo” do que é “insignificante”. Trata-se de um paradigma onde o que se considera real é tudo aquilo que é material, tangível, que impressiona os sentidos físicos, que pode medir-se… Sinteticamente, esta aproximação postula a crença em [Esteves de Vasconcellos, 2006, p. 65, 68/9]:
É por isso que começaram a mostrar-se cada vez menos satisfatórias à medida que o Homem se defrontava com problemas cada vez mais complexos, multidimensionais, dinâmicos e globais. Em resumo, a Realidade não se apresenta dividida em processos isolados e estáveis (físicos, químicos, biológicos, psicológicos ou sociais). Eles apresentam-se inseparavelmente ligados com os outros. Assim, por exemplo, num processo social, coexistem processos psicológicos, fisiológicos, anatómicos, biológicos, químicos, físicos, etc. O paradigma sistémico-cibernético Para compreender a Realidade de forma mais adequada, é necessário um novo tipo de pensamento “complexo”, ao mesmo tempo sistémico, holístico, multidimensional e ecológico; mais global (menos local), mais circular (menos linear) e mais integral (menos parcializado). Que leve em conta o contexto, as interconexões, as estruturas e os processos, a dinâmica do Tudo. Complementar com o “velho”, este “novo” pensamento centraliza-se nas inter-relações (em vez das separações), nas interdependências (em vez das concatenações causa-efeito) e no entrecruzado (o jogo dialético das múltiplas inter-retroacções). Acentua a ideia de movimento, de fluxo, de processo em permanente construção e reconstrução (em vez de instantâneos da situação). Graças à aproximação sistémico-cibernética, pode passar-se [Esteves de Vasconcellos, 2006, p. 101/2]:
Verifica-se na actualidade uma falta de adequação – cada vez maior, grave e profunda – entre os conhecimentos (divididos, fragmentados, parcelados, classificados e compartimentados em disciplinas) e os problemas (interdependentes, transdisciplinares, multidimensionais, transnacionais e planetários) [Morin, 2001, p. 13] [Morin, 1999, p. 15]. Para o filósofo e político francês Edgar Morin, existem três princípios que ajudam a diminuir esta brecha:
O pensamento baseado sobre o novo paradigma complementa o pensamento reducionista. Centra-se nas inter-relações, nas interconexões e nas interdependências, nas causalidades múltiplas e nas realimentações. É que nenhum fenómeno da Realidade tem uma única causa; as relações causais constituem uma enorme trama e nessa imensa rede – com múltiplos caminhos e muitíssimos elementos – só as ligações mais próximas (tanto no tempo como no espaço) podem assimilar-se a uma corrente linear e unidimensional de causas e efeitos [Riedl, 1983, p. 166]. Este tipo de pensamento possui uma estrutura dinâmica sempre aberta, em permanente construção e reconstrução que se auto-organiza a partir das suas novas ligações e relações. Como habitualmente, encontra-se em estado de equilíbrio instável, todo o novo conceito ou ideia modifica as anteriores e/ou possibilita a geração de descontinuidades e mudanças bruscas, estalidos ocasionais que o ambiente confirma ou refuta, conserva ou destrói; ou seja, selecciona. Por isso, o novo pensamento deve enfrentar e aceitar o difuso, o confuso, o inesperado, o imprevisível, a incerteza, a contradição… Por outro lado, os pensamentos estão profundamente entrelaçados com os sentimentos e as acções. O que alguém pensa influi directamente no que sente e na forma de actuar, da mesma forma que um pensamento e uma acção modificam os sentimentos ou como as acções e os sentimentos geram variações nos pensamentos. A experiência humana é um único movimento, um todo indivisível, não existe separação. Só do ponto de vista pedagógico podem distinguir-se diferentes processos. Desta forma, primeiro aparece a sensação, que provoca uma emoção, que – por sua vez – conduz a um sentimento-pensamento e a um estado de alma, para finalmente concluir numa acção. Assim, cada acção gera um sentimento-pensamento e muitas vezes aparece uma emoção; assim como cada emoção pode influir sobre o modo em que a pessoa pensa, sente e actua. Não se deve esquecer que, evolutivamente, as sensações e as emoções são anteriores aos sentimentos e aos pensamentos. Pensamento e linguagem Pode dizer-se que o pensamento (e, em consequência, o sentimento e a acção) depende do conhecimento e da linguagem. Se existe pouco conhecimento, o pensamento fica limitado. Por isso, a comunicação e a aprendizagem são tão importantes. Com efeito, a maioria do pensamento tem uma origem coletiva. Ninguém pode subtrair-se à influência do pensamento alheio que ajuda o próprio a pensar. Apesar de cada pessoa pensar só, de maneira individual (e muitas vezes individualista), também implica os outros, já que cada um tem incorporado uma enorme quantidade de pessoas (pretéritas e presentes) que exercitaram o seu pensamento ao longo de mais de três milénios. Por último, pode dizer-se que qualquer coisa que afecte o desenvolvimento da linguagem também afecta o pensamento e vice-versa, pois estão intimamente ligados e influenciam-se de maneira recíproca. Assim, quanto melhor seja o domínio do idioma que a pessoa possua, mais ideias pode analisar a sua mente (e mais, se utiliza vários idiomas). De forma inversa, um pequeno domínio do idioma dificulta expressar matizes diferenciais finos de percepção, arrazoado, emoção, sentimento e resolução de problemas que exigem alto grau de abstracção [Boyle, 1977, p. 64]. A linguagem é o meio principal com o qual o homo sapiens outorga sentido à sua experiência, com o qual se comunica, trocando e partilhando dados, informação, conhecimentos, ideias, experiências, pensamentos, sentimentos, julgamentos, crenças, intenções, etc. Mas deve ficar claro que – da mesma forma que o pensamento – não se trata de um fenómeno individual, mas é um fenómeno social: uma única pessoa não pode gerar linguagem; esta emerge a partir de um processo de interacção social [Echeverría, 1995, p. 343]. Como produto colectivo, está continuamente a reconstruir-se e complexizar-se cada vez mais, à medida que se acentua a necessidade de comunicação por efeito da globalização: surgem novas palavras e frases, outras incorporam-se a partir de diferentes idiomas e, a miúdo, modificam-se os significados existentes de forma subtil. Sergio A. Moriello Engenheiro em Electrónica, Pós-graduado em Jornalismo Científico e em Administração Empresarial e Mestre em Engenharia em Sistemas de Informação. Lidera GDAIA (Grupo de Desenvolvimento de Agentes Inteligentes Autónomos, UTN-FRBA) e é vice-presidente de GESI (Grupo de Estudo de Sistemas Integrados). É autor dos livros Inteligências Sintéticas (Alsina, 2001) e Inteligência Natural e Sintética (Nueva Librería, 2005). Tradução JURIS Ligação para o artigo original Criado em: 12/06/2009 • 16:23 Comentários
| SOS Virus
Computador lento?
Suspeita de vírus?
--Windows--
Já deu uma vista de olhos pelas gordas de hoje?
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