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O Tempo

news_artigo.gifARTIGOS DE FUNDO - O síndroma do último comboio
Hoje em dia qualquer pessoa sabe o que é um "homem light" e em que consiste a "cultura do zapping" sem necessidade de ter lido os livros do Dr. Enrique Rojas. É que este psiquiatra espanhol de 55 anos de idade não só teve o mérito de transformar a psiquiatria em best sellers, mas é capaz de criar imagens sociológicas inconfundíveis a partir de um par de palavras. É o que consegue, uma vez mais, nas linguagens do desejo ao descrever a conduta de pessoas de meia idade que abandonam a mulher ou o marido movidos por desejos aparentemente incontroláveis.

Em que consiste o síndroma do último comboio?
- Os afectados são em 90% dos casos homens entre 40 a 65 anos. Ele diz à mulher: "Gosto muito de ti, mas não estou apaixonado por ti; não quero magoar-te, mas quero ser sincero contigo; tenho-me dado conta de que necessito de ar fresco na minha vida afectiva...".

E por que aparece este síndroma?
- Em muitos casos porque a pessoa vê-se presa no que eu chamei de "amores eólicos". Eolo é o deus dos ventos. Os amores eólicos brotam de ventos afectivos incontrolados, que nascem sem governo. Há neles exploração, atrevimento, capricho, desejo de mergulhar nas águas de uma pessoa que anda por aí perto sem mais limitação que as que imponha o caminho a seguir. Quem se deixa levar por estes ventos pôs na mesa o seu próprio drama.

"A nossa sociedade está cheia de cínicos".
No seu livro o senhor afirma que o prognóstico do síndroma do último comboio não é bom. Porquê?

- Porque por trás dele há muita coisa: incultura sentimental, fundo cínico, subjectivismo que torna impossível o diálogo, uma sociedade sem vínculos afectivos onde toda a relação tem data de caducidade e o compromisso é vivido como prisão. Além do contágio psicológico de piruetas parecidas em pessoas que surgem na TV e nas revistas do coração.

A que se refere ao falar de incultura sentimental?
- Dificilmente uma pessoa poderá alcançar a maturidade se não tiver aprendido a cultura dos sentimentos, mas vivemos uma época de intensa incultura sentimental e isso nota-se: infelicidade, falta de expectativas, consumo de sucedâneos sentimentais, amores fictícios e programados, rupturas traumáticas. Uma pessoa educada neste sentido é mais sólida e pode expressar a sua interioridade de um modo mais firme e sincero. O contrário torna-a cínica.

Surpreende a dureza com que o senhor se refere ao cinismo.
- No meu livro afirmo que quando alguém sofre de cinismo as palavras ficam curtas. Cínico é quem tenta dar a aparência de que tudo está bem quando está claramente mal: deixar a mulher por outra mais jovem, por exemplo. É um sujeito que carece de escrúpulos, hábil, com desfaçatez. Não é fácil descobri-lo, porque com frequência tenta dar lições de ética, projectando uma aparência de pessoa equilibrada e equitativa.

O senhor associa estes síndromas mais aos homens.
- Sim, porque o homem no Ocidente é menos maduro na afectividade que a mulher e por isso as suas relações sentimentais podem romper-se mais facilmente: o homem perde a vaidade, cai pelo afago e a valoração de outra pessoa. A mulher, entretanto, necessita ser querida, considerada e tratada com verdadeiro afecto. O homem finge amor buscando sexo; a mulher finge sexo buscando amor.

"O desejo mais reprimido hoje é o espiritual".
Parece contraditório que uma geração que proclama ter-se libertado dos tabus sofra tanto desafecto.

- Acontece que a proliferação de uma forma de desejo sexual carente de amor traduziu-se numa desorientação afectiva intensa para muitas pessoas. O casal moderno é frágil, pois o seu substrato é o desejo de passar bem e desfrutar, senão, adeus. Está-se predisposto à ruptura. Tudo isto repercute-se no ânimo do ser humano que se sente infeliz apesar de ter todos os seus desejos cobertos.

Isto é, é um eterno insatisfeito.
- Sim, hoje assistimos a uma socialização da imaturidade. A nossa é uma sociedade movida, regida e vertebrada sobre a filosofia do "apetece-me". Tudo repousa sobre um conceito emergente: a autenticidade. As palavras compromisso, deveres e obrigações, soam a ranço. Mas uma pessoa autêntica é coerente, insubornável. O erro está em que se confunde o autêntico com alguém aberto a provar tudo o que é inédito. Isso não é autêntico, é instável.

Tudo isto parece desolador, há saída?
- O livro As linguagens do desejo não é um livro pessimista porque toda a tese parte de um facto positivo: o desejo pode educar-se e a felicidade consiste na administração inteligente do desejo.

Concretamente, como se educa o desejo?
- Educar é transformar alguém em pessoa. Etimologicamente significa "acompanhar" e "extrair", mas é algo mais: entusiasmar com valores, seduzir com o excelente. É comunicar conhecimentos e também promover atitudes. É a soma de informar e formar. Neste sentido é difícil educar os desejos de outro sem cativar com a exemplaridade.

Que exemplos destacaria?
- Admiro quem sabe transmitir a alegria de ter um amor autêntico e quem manifesta a sua vontade de defender esse amor a capa e espada, contra a pressão social que assegura que rompê-lo é normal e que não acontece nada de tão dramático assim quando acontece.

Precisamente porque nesta época a mensagem é "segue os teus desejos", acusaram-no de instar à repressão.
- Não, porque eu esclareço que existe uma grande diferença entre os impulsos e os desejos. A impulsividade é mais própria da infância e da adolescência, mas uma pessoa madura pode adiar os desejos com vista a um bem maior. Em todo o caso, existem muitos tipos de desejos além do sexual: estéticos, sociais, culturais, espirituais... E sem dúvida o homem moderno reprimiu os desejos espirituais mais que nenhum outro. Por medo de parecer antiquado, reprime o seu desejo de espiritualidade. O que eu afirmo é que educar sentimentalmente é ensinar a conseguir uma maior harmonia entre a inteligência, a afectividade e a motivação. É dar visão de futuro e sentido da vida.

Quem sofre o síndroma do último comboio ou os amores eólicos?
- Estamos perante uma pessoa muito superficial nas suas relações afectivas à qual o sucesso profissional leva a um tipo de vida frívola.
- Tem pouca formação humana, que termina por ser quase nula ao impor-se hábitos de vida muito negativos: relações de amizade inconsistentes, estar centrado no dinheiro...
- Possui pouco sentido do que é a relação conjugal e a vida em família.
- A sua vida afectiva lembra a de um adolescente.

Ficha do entrevistado
Enrique Rojas é professor de psiquiatria da Universidade Complutense de Madrid e director do Instituto Espanhol de Pesquisas Psiquiátricas. É casado e pai de 5 filhos.

María Ester Roblero


Criado em: 04/07/2007 • 11:40
Actualizado em: 04/07/2007 • 12:03
Categoria : ARTIGOS DE FUNDO

Comentários

Comentário n°1 

zeluis 11/05/2009 • 18:02

É um artigo muito bom.Esta a falar da verdade que esta a acontecer no nossos dias.Geralmente pra todos nos,A VERDADE "É A FILHA DO NOSSOS DESEJOS".Bem longe da REALIDADE.Enrique Rojas,escreve com SABIDURIA.A inteligencia faz a muitas pessoas MAIS ASTUTAS,a sabiduria as faz mais "divinas".

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