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news_artigo.gifARTIGOS DE FUNDO -
Livros que nunca poderemos ler

Das 80 obras que escreveu Ésquilo só se conservam 7; das 120 de Sófocles, outras tantas; das 40 de Aristófanes, 11; das 9 de Safo, não restou nenhum poema e do «Margites», de Homero, a sua primeira obra, dedicada à comédia, não existe nem o rumor de uma frase, com a consequência previsível que o seu desaparecimento pressupõe para a cultura ocidental.


A história da literatura é, sem dúvida, a história de todos os livros que não chegaram até hoje.

Hemingway perdeu a mala onde guardava as suas obras de juventude e Malcolm Lowry ficou sem o manuscrito original de «Ultramarino» quando uma mão anónima o roubou do interior do seu carro.

O escritor britânico Stuart Kelly mostra na obra «A biblioteca dos livros perdidos» (Paidós) a amarga sucessão de grandes títulos que jamais poderão ser lidos, desde as origens da escrita na Mesopotâmia - um rastro que só pode intuir-se através da «Epopeia de Gilgamesh» - até hoje.

No meio fica o vazio de uma lenta devastação que, pelo fogo, intolerância, fanatismo, desinteresse ou algo tão prosaico como são os invertebrados, arruinaram prateleiras inteiras de bibliotecas.

Nem sequer o livro dos livros, a Bíblia, escapa a esta destruição silenciosa: «O rei Salomão, por exemplo, proferiu três mil provérbios e as suas canções foram cinco mil. No entanto, há 1.175 versos no livro dos provérbios e só um “Cantar de canções”», lembra o autor.

E ainda seria preciso acrescentar alguns textos citados na Bíblia mas que já não existem, como o «Livro de Jasher», o «Livro das batallas de Javé», o «Livro das crónicas dos Reis de Israel» ou o «Livro das crónicas dos Reis de Judá».

Até o acaso se mostra selectivo e dele extraímos-nos que, até para destruir algo, existem predilecções. Os textos humorísticos, eróticos ou autobiográficos encabeçam a lista. «A perda dos diários de Philip Larkin, que combinavam esses três géneros, era menos que inevitável», comenta Kelly com ironia. Junto dele estaria «Masturbação», do poeta Abbasí Ibn-ash-Shah at-Tahiri.

O final trágico de tantos volumes tem responsáveis, alguns muito fáceis de assinalar. E se o autor cita Savonarola no Renascimento, também nomeia Khomeini, Hitler e Estaline: «O facto de que a pungente sátira de Osip Mandelstam, “Ode a Estaline”, tenha sobrevivido é realmente notável: muitos outros, esboços e apontamentos, foram queimados (...).

O seu compatriota Isaac Babel não teve tanta sorte. Quando foi detido pela polícia secreta de Estaline, no dia 15 de Maio de 1939, os agentes não deixaram nem um só papel no seu apartamento».

A auto-exigência dos autores mostrou-se tão letal para a vida dos textos como o pior dos incêndios. Virgílio pediu que se queimasse «A Eneida», porque não estava polida (ninguém lhe fez caso) e Max Brod também não votou ao esquecimento os originais do seu amigo Kafka, como este lhe tinha pedido. A pergunta é: quantos viram realizados os seus desejos?


Dissolvidos como faíscas
O destino dos livros é diverso e surpreende como alguns permanecem, apesar das apostas do tempo e a má sorte, e se dissolvem como faíscas.

Por exemplo, Mijail Bajtin durante o seu exílio no Cazaquistão usou o seu ensaio sobre Dostoyevski como papel de fumar, porque já não tinha o papel que usava para fazer cigarros: as folhas da Bíblia.

No entanto, os eruditos puderam reconstruir o «Curso de linguística geral» de Saussure através dos apontamentos dos seus alunos. Mas foi Gogol quem elevou mais alto a fasquia: queimou a segunda parte de «Almas mortas» porque, numa revelação, chegou à conclusão que a literatura era um acto de paganismo.

 



Criado em: 16/04/2007 • 10:29
Actualizado em: 03/02/2021 • 14:31
Categoria : ARTIGOS DE FUNDO

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