Menu
Qui Quae Quod

Fechar Responsabilidade Social Corporativa

Fechar Multiculturalismo

Fechar ARTIGOS DE FUNDO

Fechar ARTIGOS DE FUNDO II

Fechar ARTIGOS DE FUNDO III

Fechar TENDÊNCIAS 21

Fechar CIBERDIREITOS

Fechar No gesto da procura

Fechar Os erros do ditado

Fechar Para ler e deitar fora

Fechar O canto dos prosadores

Fechar UTILITÁRIOS

Fechar Apresentações

Fechar CANCIONEIRO de Castelões

Fechar Coisas e loisas da língua portuguesa

Fechar DIVULGAÇÃO DE LIVROS

Fechar Delitos Informáticos

Fechar Encontros

Fechar JURISPRUDÊNCIA

Fechar Livros Maravilhosos

Fechar MANUAL DE REQUERIMENTOS

Fechar NeoFronteras

Fechar O canto dos poetas

Fechar Vinho do Porto

Fechar Workshops

Pesquisar



O Tempo

sujet.gifO canto dos prosadores - O Lince e a Flor
Este artigo está disponível no formato standard RSS:
https://jurispro.net/doc/data/artpt.xml

Docemente, caiu sobre ele, já inanimado, espelhando o sol, em mil reflexos, numa lágrima de orvalho que lhe beijou a alma.

Vivia nas matas donde nunca se atrevera a sair. O verde era tudo o que se reflectia nos seus olhos. Uma esperança sem cor e sem horizontes. Por vezes, o lince ousava sair do arvoredo e olhar o monte que se elevava defronte de si. Qualquer ruído, o mais pequeno clarão de um relâmpago que passasse, um ínfimo sopro de vento o faziam tornar aos ramos que o escondiam da luz e o privavam da vida. Não sabia disso, o lince.

Um dia todo feito de azul e quietude, atreveu-se a sair um pouco mais e divisou, na encosta, uma Flor, ainda em botão. Olhou. Perscrutou tudo em redor de si. E, temeroso, pé ante pé, acercou-se do botãozinho que baloiçava nos perfumes que dentro de si prometia. Ficou feliz, o lince, e apaixonou-se.

Era vê-lo, encantado, logo ao raiar da manhã, correr, todos os dias, para junto da sua amada que balançava feliz e que ele admirava embevecido por sonhos coloridos.

O tempo passou. E a Flor, antes tão viçosa, começou a murchar. Não se dera conta, o lince, que lhe tapava o sol e a privava da chuva de tão próximo que queria estar dela. Não entendia que, assim, a impedia de desabrochar.

Entristeceu-se. As lágrimas caíram no pé de quem tanto amava. Afastou-se. Embrenhou-se nas matas de que era prisioneiro.

Algum tempo volvido, alquebrado pela saudade e pela mágoa, arrastou-se para ver, ainda que de longe, aquela que sempre fora o único afago que o seu coração conhecera.

Surpresa! Distante, ela bailava em rescendentes cores. Linda! Mais bela do que nunca! Mal sabia o lince que haviam sido as suas lágrimas que a tinham salvo da aridez que a sua proximidade provocara.

Sorriu, numa felicidade efémera e derradeira.

Docemente, caiu sobre ele, já inanimado, uma pétala espelhando o sol, em mil reflexos, numa lágrima de orvalho que lhe beijou a alma.

Abel Dias Ferreira

Criado em: 07/09/2006 • 01:31
Actualizado em: 07/09/2006 • 01:37
Categoria : O canto dos prosadores


Imprimir Imprimir

Comentários

Ainda ninguém comentou.
Seja o primeiro!

Data Venia

Data Venia - Revista Jurídica Digital

SOS Virus

Computador lento?
Suspeita de vírus?

Fora com eles!
 
AdwCleaner
tira teimas!
--Windows--

Já deu uma vista de olhos pelas gordas de hoje?
 
diarios_nacionais.png


PREFERÊNCIAS

Voltar a ligar
---

Nome

Password



  Se podes ver, olha; se podes olhar, repara  Livro dos Pensamentos
^ Topo ^